A FLOR E A FONTE “Deixa-me, fonte!” Dizia A flor, tonta de terror. E a fonte, sonora e fria Cantava, levando a flor. “Deixa-me, deixa-me, fonte!” Dizia a flor a chorar: “Eu fui nascida no monte... Não me leves para o mar.” E a fonte, rápida e fria, Com um sussurro zombador, Por sobre a areia corria, Corria levando a flor. “Ai, balanços do meu galho, Balanços do berço meu; Ai, claras gotas de orvalho Caídas do azul do céu!...” Chorava a flor, e gemia, Branca, branca de terror. E a fonte, sonora e fria, Rolava, levando a flor. “Adeus, sombra das ramadas, Cantigas do rouxinol; Ai, festa das madrugadas, Doçuras do pôr do sol; Carícias das brisas leves Que abrem rasgões de luar... Fonte, fonte, não me leves, Não me leves para o mar!” * As correntezas da vida E os restos do meu amor Resvalam numa desci...